Dia desses postei um texto magnífico, intitulado In Nomine Feminae, da poetisa e contista carioca Laura Esteves. Fiquei tão maravilhada com a profundidade do texto, que decidi escrever para o e-mail da autora a fim de parabenizá-la e de dizer-lhe o quanto fiquei encantada. Ainda no mesmo dia a simpática autora respondeu meu e-mail, gentilmente dizendo-me que, se eu tivesse interesse, ela poderia enviar-me alguns livros pelo correio. Obviamente minha resposta foi positiva e lá fiquei eu, aguardando ansiosamente a chegada dos tais livros.
Na última quinta-feira, 09/06/11, recebi em casa dois exemplares da autora, intitulados, respectivamente, Rastros e O dia em que as mulheres voaram e outras histórias.
Amigos, não tenho palavras para expressar o quanto esse livros se tornaram especiais para mim e o quanto fizeram crescer, em mim, a admiração por esta poetisa fantástica.
AS FACES DE EVA
- para as mulheres, sempre atrizes -
Muitos os meus nomes:
bruxa, vaca, piranha, gostosa,
puta, santa, rainha, mater-dolorosa.
Alguém decidiu por mim.
Conveniente, necessário
para todos: família, sociedade.
Concordei, sempre concordei,
carcereira de minha própria vontade.
Ah! muitas as minhas faces:
lebre, cobra, aranha-negra, camaleoa.
Camuflagem perfeita!
Minei pelas reentrâncias,
me esgueirei pelos subterrãneos,
sempre alerta, sempre à espreita.
Foi o jeito medonho
que encontrei para existir,
para não matar meu sonho.
Quando quiseram tirar o prazer
do meio das minhas pernas, disfarcei.
Falsa aparência.
Com paciência deixei a brasa
escondida lá embaixo, pronta para ser acesa.
Trouxe o prazer para dentro do peito, do pensamento.
Triângulo perfeito: sexo, coração e mente.
Quando me trancaram entre paredes
e tornei-me rainha do lar, busquei as delicadezas.
Não me deixei esmagar.
Equilibrei-me num fio tênue de esperança,
Equilibrei-me num fio tênue de esperança,
que passava um pouco além do meu quintal.
Quando batia o bolo com ar angelical,
me lambuzava de tortos pensamentos.
O comboio lá dentro: planc, plan, planc.
Pura arritmia.
Pensamentos só meus, ninguém mais sabia.
Quando me queimaram viva nas fogueiras,
gritei impropérios e maldições.
Saíam como açoites de minha garganta
e entravam pelas frestas das portas.
Chicoteavam os habitantes da vila.
As palavras bem lá no fundo:
"um novo tempo. . . um novo tempo. . .
sem castigo ou coação. . . "
Tornei-me lenda e mito.
Ganhei o sexto sentido:
os cinco já conhecidos e o da premonição.
Chegou o novo tempo.
Depois de tantos açoites, de tantos ais, estou aqui.
Santa? Puta? Rainha?
Não importa, rompi tudo, derrubei altares e catedrais.
Fui em busca do meu gozo, do meu sonho, do meu ser.
Hoje, estou aqui, repito.
Do jeito que sempre quis.
Sou mulher/personagem de minha vida: atriz.
(Para a peça "Mulher, poema do século", Companhia Teatral Cláudio Filiciano)
Se vocês quiserem desfrutar de um pouquinho da sensibilidade de Laura Esteves, podem visitar os endereços abaixo e ler alguns de seus escritos:
Além disso, é possível encontrar seus livros nos links abaixo:
Você encontra o maravilhoso livro Rastros AQUI.
O livro O dia em que as mulheres voaram e outras histórias (e outros livros dela) você encontra AQUI e AQUI. (neste último link você também encontrará outros títulos da autora)
E, finalmente, você encontra outros livros da Laura Esteves AQUI.
Deixo para vocês esse lindo vídeo de apresentação da autora, com trechos de suas poesias:
Deixo para vocês esse lindo vídeo de apresentação da autora, com trechos de suas poesias:
Uauu,Déia!
ResponderExcluir"Hoje, estou aqui, repito.
Do jeito que sempre quis.
Sou mulher/personagem de minha vida: atriz."
Se não nos esquecessemos disso no dia a dia,tudo seria melhor né?
Perfeito,Amada!
Beijos
Hellen, querida, é espetacular, não é mesmo? E olhe que é só uma palhinha... Estou encantada com os escritos da autora...
ResponderExcluirBjs minha querida amiga!
Oi Deia, sensacional o poema mesmo e na verdade todos somos personagens, só que alguns conseguem representar melhor seus papéis, outros ficam se batendo até conseguirem atuar de uma maneira sábia
ResponderExcluirEu ultimamente andei perdendo meus scripts rsss
Beijos pra ti!
Estou em uma fase complicada para buscar qualquer leitura, massssssss... assim que der vou procurar os livros dessa escritora. Achei lindíssimo esse poema. Extrema sensibilidade sobre alma feminina. Beijinhos.
ResponderExcluirNossa Andréia que achado....
ResponderExcluirQue maravilha de se ler. Adorei.
Forte, intenso, verdadeiro e lindo.
Obrigada por compartilhar linda.
Ani
Olá Isa, Sensi e Ani!
ResponderExcluirIsa, concordo com vc. Realmente todos somos atores...mas algum escrevem seu próprio roteiro e o vivenciam intensamente, enquanto outros apenas seguem roteiros escritos por outras pessoas... Querida, espero que vc encontre logo seus scripts... Bjão!
Sensi, querida, minha fase tb é de extrema correria para outras leituras além das necessárias para a conclusão do mestrado, mas posso lhe assegurar que vale a pena dedicar algum tempo do seu dia para ler algo tão precioso. Um beijo enorme querida!
Ani, querida, que bom que gostou! E olhe que esse é apenas um dos tesouros que o livro traz. Estou encantada! Bjs querida!
Linda poetiza!
ResponderExcluirIsso é que da forças para continuar!
Olá Jão, tudo bem?
ResponderExcluirSim, realmente linda!
Bjs querido!
Déia
Uma poesia diferente e muito sensível!
ResponderExcluirToca-nos... e gosta-se de a ler!
mfc, querido, de fato é uma poesia extremamente tocante e prazerosa de se ler. Você tem toda razão.
ResponderExcluirAbraços, Déia.
Olá Déia,
ResponderExcluirNão há cadeia, nem clausura, nem calabouço, nem cinto de castidade, nem facismo cotidiano, nem fogueira, nem opressão de espécie alguma, nem nada, que queime os pensamentos, desejos e a paixão de uma mulher. Vocês podem, deliberadamente, decidir ocultá-los e escolher não vivê-los em determinado tempo ou hora. Mas a brasa continua lá, latente (potência em repouso), aguardando o momento e o instante mágico de revelar-se como puta, píranha, santa ou mater-dolorosa, não como domínio ou imposição de outrém mas como exercício pleno da liberdade de escolha e opção.
Um abraço,
S.
Absolutamente perfeita sua colocação, Sérgio.
ResponderExcluirNada resta-me a acrescentar.
Abraços querido!
Déia
Nooooosssaaaaa adorei esse texto, adorei seu cantinho.Te seguindo, bjs e bom fim de semana!
ResponderExcluirOi Camila! Bem-vinda, querida!
ResponderExcluirFico muito feliz que vc tenha gostado do texto e também do meu cantinho! Sinta-se em casa, viu? Bjs!
Andréia, eu não conhecia a Laura Esteves, esse poema postado por você é maravilhoso, foi muito bom conhecê-la.
ResponderExcluirBeijos
Néia, querida, que bom que gostou de conhecê-la! Esse poema é realmente espetacular! E os outros também! Bjs minha querida! Déia
ResponderExcluirO poema é sensacional:)!
ResponderExcluirBjo
Álvaro querido, realmente é um poema maravilhoso. Que bom que gostou!
ResponderExcluirAbraços, Déia
Nossa que poema maravilhoso Déia!
ResponderExcluirOi Cami! Pois é, querida, o poema é mesmo espetacular! Bjs!
ResponderExcluirDéia